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1 de junho de 2010

A Prece na Invocação

A  prece  é  o  nosso  momento  íntimo  de  falar com Deus,  onde estabelecemos uma ligação do Criador com a criatura, do Pai com o filho.  Não precisamos de formas, ritos, imagens para orarmos, basta abrirmos o coração em prece e é na interiorização, que  auscultamos a Sua Presença  Divina  em  nós. Já dizia o apóstolo Paulo no Novo Testamento, Primeira Epistóla aos Coríntios 3:16 

"Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?"[...]em Deus somos e nos movemos".


Toda prece é uma invocação, é um chamamento a si, uma súplica pedindo proteção amparo, inspiração. Mas se a prece é uma invocação,  o que invocamos  quando oramos?  O que é Invocação?
No livro Instruções Práticas sobre as Manisfetações Espíritas 1858 de Allan Kardec encontramos no vocabulário espírita:


"Invocação (do lat. in, em, e vocare, chamar) e evocação (do lat. vocare e e ou ex, de, fora de) – estas duas palavras não são sinônimos perfeitos, embora tenham a mesma raiz, vocare chamar. Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer por cerimônias mágicas, por encantamentos. Evocar almas, Espíritos, sombras. Invocar é chamar a si ou em seu socorro um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pela prece.A invocação está no pensamento. Na invocação o ser ao qual nos dirigimos nos ouve".


Percebemos que as palavras invocar e evocar possuem significados distintos, ambas de origem latina contém os prefixos "in"movimento para dentro ou integrando algo em alguma coisa  "e"movimento para fora, chama as coisas para que elas venham até nós.
Mas uma pergunta fica no ar. Podemos falar com Deus? Ele nos ouve? Como Deus nos ouve? Buscando nas obras básicas da doutrina em o livro A Gênese cap. II "A providência" encontramos a seguinte explicação:

“Como Deus, tão grande, tão poderoso e tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes  ínfimos, preocupar-se com os menores atos e com os menores pensamentos de cada indivíduo?”

"[...]a natureza inteira está mergulhada no fluido divino, estando esse fluido em toda parte, tudo estará submetido à sua ação inteligente, à sua previdência e à sua solicitude. Não haverá um ser, por mais ínfimo que seja, que não esteja de alguma forma saturado desse fluido. Nós estamos assim, constantemente, em presença da Divindade e não podemos subtrair uma só das nossas ações ao seu olhar. O nosso pensamento está em contato incessante com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê no mais profundo recôndito do nosso coração; nós estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo. Para estender sua solicitude sobre todas as criaturas, Deus não precisa lançar seu olhar do alto da imensidade, para que ele ouça nossas preces, elas não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante, uma vez que, estando Deus continuamente ao nosso lado, nossos pensamentos se repercutem nele".

François Fénelon em seu livro "A Vida Interior" item II, sobre a necessidade de conhecer e amar a Deus, ele nos diz:
[...]e eu mesmo vagavam por toda parte em vão à procura de ti fora de mim, eu corri todas as maravilhas da natureza que eu possa formar uma concepção da tua grandeza, perguntei as tuas criaturas de Ti e não se pensava em encontrar Ti no fundo do meu coração, onde nunca tinhas deixado de habitar. Não, ó meu Deus! não é necessário descer até as profundezas, nem passar para além dos mares, não é necessário subir para os céus para encontrar-te, tu és mais perto de nós do que nós somos para nós mesmos.

É assim que também Jesus nos ensinava quando orava ao Pai pela união de todos nós em Deus:

Para que todos sejam um, assim como tu, Pai estás em mim, e eu em ti para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me destes, para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim".(JOÃO  17:21)


Façamos nossas preces no recolhimento íntimo de nossas almas, mas acima de tudo, façamos dos nossos atos uma prece, onde possamos revelar nossa filiação divina.




4 comentários:

Unknown disse...

Ola amiga Maria,
Mais um estudo perfeito e profundo que nos oferece.
E com isso engrandecemos nossa compreenção do divino, não fora mas parte de nós.
Muito bem posto,quem um dia possamos realmente nos ver no Hálito de Deus, pois como suas criaturas e bem posto no texto, Nele vivemos>

Obrigado amiga e continue a nos brindar com estes textos lindos e profundos.

Beijos no coração.

do amigo de sempre Cláudio.

Maria Emilia disse...

Sabe Claudio...minha alma pedia por esse entendimento.
Quantas vezes, antes de brilhar a luz da doutrina em minha vida, eu sentia Deus tão longe, tão distante, que pensava de que forma poderia ouvir-me, atender minhas rogativas??

Isso é a bençao do espiritismo que nos mostra qual filhos do Pai somos, Ele está realmente dentro de nós e pode saber de todos os meus pensamentos e ações. Quanta responsabilidade!!

Obrigada amigo do coração.
bjs

Sônia Cristina Pinto disse...

Olá Emilia!
Aproveito para comentar com uma pergunta: como podemos, apesar de tão próximos e tão integrados na realidade divina, nos encontrar muitas vezes, tão distantes dela? Esquecemos? Reaprendemos?
Relutamos em aceitar nossa condição de submissão inconteste? Simples e ignorantes fomos criados, mas perfectíveis! Criações divinas em busca de sua própria essência e fortalecimento desse mesmo conceito, estamos todos a caminho do conhecimento de nossa própria realidade.
Bjs.
Sônia Cristina

Maria Emilia disse...

Oi Soninha!
Essas perguntas são perguntas de todos nós e em se tratando de nossa condição de espíritos inferiores, presos ainda as paixões e a materialidade que ainda domine nosso Ser, nos afastou dessa percepção, da presença divina em nós.

Somos filhos do Criador, nascemos de seu amor, deu-nos tudo que necessitamos para o nosso progresso e evolução como Espíritos.
Desde nossa criação percorremos mundos, vestimos múltiplos corpos, nas diversas encarnações dessa longa e milenar viagem de volta.
Saímos de Suas mãos e a Ele retornaremos como Espíritos puros. O esforço, a luta a trajetória, cabe a cada um ser mais rápida ou não.
Nossos sentidos, enquanto encarnados, limita-nos, mas aqui é que se encontram as provas que precisamos passar, para que aos poucos, desmaterializemos o Espírito, valorizemos mais as coisas espirituais, sejamos mais dóceis a Sua Vontade , desenvolvendo abnegação, renúncia e desapego.

Ainda assim, apesar disso, sintamo-nos felizes pois somos seus filhos,criados para chegar à perfeição, nosso destino é as estrelas.

Que Deus nos abençoe a todos.

Abraços

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